Idealizado pelo ateliê Bia Reis, o projeto vem como um novo caminho para levar empreendedores com síndrome de Down para empresas e eventos.

Em Junho, fomos ao Arraial do EmpreenDown, na Vila Moema, em São Paulo. Festa junina, muitas comidas, artesanatos e pessoas com diferentes histórias. Lá, conhecemos as irmãs Bia e Camila, idealizadoras do projeto, que juntas fazem um trabalho incrível. Elas deram um novo sentido ao empreendedorismo entre pessoas com síndrome de Down. Graças a este projeto, empreendedores chegam aos eventos e às empresas mostrando os seus trabalhos. Aqui apresentamos as irmãs!

Idealizadora do EmpreenDown, aos 30 anos, Camila Reis administra o projeto que incentiva o empreendedorismo e a autonomia entre as pessoas com síndrome de Down. A sua irmã, a Bia Reis, aos 22 anos é empreendedora e artesã. As duas são as responsáveis pelo crescimento desta iniciativa incrível, que vem ampliando e dando oportunidades aos trabalhos realizados pelos empreendedores.

Tudo começou em 2017 quando ela e a irmã, Bia, criaram o Ateliê Bia Reis, após a Bia fazer na escola um porta-joias em MDF para o presente de dia das mães. “Vimos o acabamento e cuidado com que foi feito, desta forma incentivamos a Bia a começar a fazer mais artesanatos em casa para aprimorar as técnicas e deu super certo. Ela se “encontrou” no artesanato, ama fazer cada peça”, contou Camila.

A Bia precisava de autonomia financeira, foi daí, por parte da família, que veio a ideia de empreender. “Nada melhor do que ter autonomia financeira fazendo o que gosta, certo?”, questionou a irmã. Então, Camila começou a procurar lugares em que ela pudesse expor e vender seus produtos, passou a postar fotos dos produtos nas redes sociais e foi dando certo. Após dois anos do lançamento do Ateliê, a Bia já se mantém sozinha, compra suas coisas pessoais e investe no próprio negócio.

“Ao longo desses dois anos de Ateliê tivemos certa dificuldade em achar lugares para vender os produtos, não era sempre que conseguíamos participar de bazares e eventos (por conta dos valores cobrados, de datas, etc), foi aí que tive a ideia de criar o projeto, a dificuldade dela poderia ser de outros empreendedores, então conversei com a Bia e lançamos o EmpreenDown”, explicou a irmã mais velha.

As irmãs criaram o projeto para dar visibilidade a jovens empreendedores com Síndrome de Down, entre eles a Bia, que também tem a Trissomia 21. O EmpreenDown funciona como um mediador de negócios, apresenta o projeto e os empreendedores para as empresas e, quando aprovado, esses empreendedores são levados para venderem e trabalharem suas próprias marcas dentro dessas empresas, dando maior comodidade aos funcionários.

“Hoje nós temos cinco empreendedores parceiros dos ramos de alimentação e trabalhos manuais (artesanato)”, explicou a Camila. Para conhecer um pouco mais sobre o projeto e sobre o ateliê fizemos algumas perguntas para as irmãs, acompanhe abaixo:

EmpreenDown

Nosso Olhar: como são as realizações dos eventos, vocês buscam patrocínio?

Camila Reis: neste momento buscamos parcerias com empresas, para que abram seus espaços e levem os nossos parceiros para vender seus produtos. Não tem custo algum para a empresa, os jovens levam os produtos e negociam diretamente com os funcionários. Além das empresas,  eu tento organizar alguns eventos do EmpreenDown, aberto ao público, com todos os nossos parceiros expondo e vendendo seus produtos.

Nosso Olhar: como funciona a questão dos parceiros, vocês encontram empreendedores com síndrome de Down, dão suporte e visibilidade?

Camila: Os parceiros que temos hoje, alguns a gente já conhecia, outros vieram de indicações. Nós divulgamos os trabalhos, como parceiros, nas nossas redes sociais e quando apresentamos o projeto para alguma empresa. E, sempre publicamos para quem for empreendedor ou conhecer alguém nos indicar, queremos muito mais empreendedores parceiros.

Nosso Olhar: Vocês já dão cursos e consultoria? Pretendem investir nessa área?

Camila: No momento fazemos apenas a mediação de negócios, criamos oportunidades de venda para nossos parceiros, sem custo algum. Para o segundo semestre deste ano ou começo de 2020 (as coisas estão um pouco corridas por aqui) temos um planejamento para colocar em prática cursos do EmpreenDown, com alguns módulos fundamentais para quem é empreendedor, como atendimento ao cliente, comportamento, entre outras coisas. E, algumas consultorias e desenvolvimento de novos empreendedores. O Brasil é uma nação empreendedora. Hoje, de cada 5 adultos, 2 têm seu próprio negócio, segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). A vontade de empreender também vem ganhando força entre as pessoas com síndrome de Down, que enfrentam os mesmo desafios que qualquer outro empreendedor.

Ateliê Bia Reis

Como você se sente por ter seu próprio negócio? O que o Ateliê significa pra você?

Bia Reis: Eu me sinto muito profissional, me sinto realizada por praticar a minha arte. Sou muito feliz como empreendedora.

Você tem autonomia financeira? O que você mais gosta disso?

Bia Reis: Sim, tenho autonomia financeira, tenho uma conta bancária, meu cartão e faço minhas compras com ele. Gosto de ter minha autonomia para comprar e pagar as coisas que mais gosto, eu posso comprar minhas maquiagens, meus anéis, ir para baladas, em datas especiais, pagar um jantar para minha família, todas essas coisas.


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